Autor cubano Leonardo Padura autografa “Pessoas Decentes” e participa de festival literário
De passagem pelo Brasil, Leonardo Padura, autor cubano reconhecido por unir fatos históricos e ficção, realiza no próximo dia 19, às 19h, sessão de autógrafos de sua obra “Pessoas Decentes”, na Livraria da Vila Fradique. A obra marca o retorno do detetive Mario Conde, herói da série policial do autor, e tem como cenário Cuba, em 2016, com diversos acontecimentos como a visita de Barack Obama, um show da banda Rolling Stones e um desfile da grife francesa Chanel.
Publicado pela editora Boitempo, o livro destrincha as características dos personagens, mostrando a vida nas ruas de Havana e Cuba, unindo enredos em uma história que promete prender a atenção do início ao fim. A convite do Clube de Leitura Centro Cultural Banco do Brasil Rio e da Boitempo, Leonardo Padura volta ao Brasil para uma série de atividades, entre elas o FliMUJ, festival literário promovido pelo Museu Judaico de São Paulo.
Sobre o autor
Padura é romancista, ensaísta e jornalista. Considerado um dos melhores autores de Cuba, escreveu roteiros para o cinema e atuou por 15 anos na área do jornalismo investigativo. Pós-graduado em Literatura Hispano-americana pela Universidade de Havana, dedicas-se exclusivamente à literatura desde 1995. Agraciado pelo governo espanhol com a dupla nacionalidade, prefere continuar vivendo na ilha onde nasceu. Ganhou reconhecimento internacional com a série de romances policiais “Estações Havana”. Composta por Passado perfeito, Ventos de quaresma, Máscaras, Paisagem de outono e outros livros, já foi traduzida para mais de 15 países e venceu prêmios internacionais, como o Dashiell Hammet, de melhor romance em língua espanhola, e o Café Gijón, além de ter sido adaptada para o cinema e a televisão. Em 2018, lançou o oitavo livro – A transparência do tempo –, que tem o detetive Mario Conde como protagonista.
Sobre o livro
Manuel Palacios procura Mario Conde, antigo companheiro de farda, quando um importante político da ilha, Reynaldo Quevedo, é assassinado durante a visita do ex-presidente dos Estados Unidos. Quevedo tinha muitos inimigos, pois no passado havia atuado como censor para garantir que artistas do país não se desviassem dos slogans da revolução. Déspota e cruel, acabou com a carreira de quem não queria se curvar a suas extorsões. Quando, alguns dias depois de se reverem, um segundo cadáver é encontrado, Conde precisa descobrir se as duas mortes estão relacionadas e o que está por trás dos assassinatos.
No desenrolar do mistério, o detetive pesquisa e escreve sobre a vida do cafetão Alberto Yarini, personagem inspirado em um caso real do início do século XX, quando Havana era completamente diferente. Um caso de assassinato de duas mulheres revela a luta aberta entre o poderoso Yarini e seu rival Lotot, francês que disputa os espaços de prostituição na capital. O desenvolvimento de tais eventos históricos será conectado ao presente de uma forma que nem mesmo o próprio Mario Conde suspeita.
Um trecho
“Mario Conde não conseguia se lembrar da última vez em que ouvira falar de Reynaldo Quevedo. Poderia ter pensado, inclusive, se é que alguma ideia relacionada com aquele homem tinha atravessado sua mente, que muito pouca gente na ilha devia, ou queria, se lembrar do nefasto Reynaldo Quevedo. Mas a prática, critério supremo da verdade – como diz o vulgo –, voltava a demonstrar que a memória geralmente é mais obstinada do que muitos acreditam e tudo parecia indicar que alguém se lembrava, sim, e muito, do Abominável. – Quer dizer que o mataram. – É o que parece, mais ou menos – disse o tenente-coronel Manuel Palacios. – Mais ou menos…? Bem, não deveria dizer que me alegro…, mas…, nada, nada, melhor ficar quieto. No entanto, a verdade, cá entre nós…, a verdade é que me alegro… Você tem ideia de por que o apagaram, mais ou menos? – Algumas – suspirou o policial. – Eu também – rematou Conde. – Uma ideia.”