Curadores lançam catálogo da mostra “Elementar: fazer junto” em conversa no MAM
Disponível na Loja do MAM, publicação apresenta ilustrações das obras representadas na mostra e textos dos curadores Cauê Alves, Mirela Estelles e Valquíria Prates. O trio participa de bate-papo com o público no Auditório do MAM e comenta sobre a exposição que traz mais de 70 obras do acervo
O Museu de Arte Moderna de São Paulo lança nesta quinta-feira, 29 de junho, às 19h, o catálogo da exposição Elementar: fazer junto com evento gratuito no auditório do Museu. A publicação reúne ilustrações das obras e textos de Elizabeth Machado, presidente do MAM, Valquíria Prates, curadora convidada, Mirela Estelles, coordenadora do Educativo do Museu, e Cauê Alves, curador-chefe do MAM. Os três curadores participam de uma conversa com o público sobre o conteúdo do catálogo e comentam a exposição, que segue em cartaz até 13 de agosto. O bate-papo terá ainda a participação do Tiago Guimarães, arquiteto que assinou a expografia, e Vânia Medeiros, designer que assinou a identidade visual da mostra.
A primeira parte da publicação apresenta os núcleos da mostra, com imagens de obras representativas de cada um deles, acompanhadas de citações de autores que ajudam a pensar os temas evocados nesses segmentos, como Ailton Krenak, Marilena Chauí, bell hooks, Bruno Latour, Maria Lind, Roland Barthes, Leda Maria Martins, Humberto Maturana, Luiz Antônio Simas, Jacques Rancière, Paulo Freire, dentre outros.
A segunda parte do catálogo, intitulado “Para ler junto”, é composta de ensaios assinados por Cristine Takuá, Paul B. Preciado, Fátima Freire, Antônio Bispo dos Santos e Gandhy Piorski, sucedidos da lista de obras completa da exposição.
Sobre a exposição
Com patrocínio da Unipar e da EMS, a exposição Elementar: Fazer Junto apresenta mais de 70 obras modernas e contemporâneas do acervo do MAM e experiências poéticas realizadas pelo educativo do Museu. A mostra convida o público a pensar nas barreiras a serem rompidas para se realizar coisas em comunhão, sejam elas sociais, culturais, políticas ou geográficas, dentre outras, em um exercício para se refletir questões como a alteridade e a liberdade.
Considerando a ideia daquilo que é “elementar”, a curadoria partiu dos quatro elementos básicos da natureza para selecionar as obras presentes na exposição. Desta forma, o mergulho na coleção do MAM traz peças que dialogam em diferentes suportes, da pintura à intervenção, com a água, o fogo, a terra e o ar, sejam em sua materialidade ou de maneira simbólica.
“No Museu, elementar é ‘fazer junto’. Também é a possibilidade de instaurar situações e modos de se relacionar com os acervos e os diferentes públicos, em vivências e experiências. Envolve o artístico e os saberes que a arte movimenta, coloca em contato todos que disponibilizam sua atenção, presença e abertura à conexão geradora de sentidos. Tal como elaborou Richard Sennett, trabalhar em cooperação pressupõe disposição e receptividade. A expografia da mostra contempla experiências poéticas e um Espaço de Fazer Junto, além de proposições realizadas com artistas e educadores”, explicam os curadores no texto da exposição.
Elementar: Fazer Junto é composta por obras de Anna Bella Geiger, Arthur Lescher, Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro – coletivo fundado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler -, coletivo OPAVIVARÁ, Dora Longo Bahia, Edouard Fraipont & Cildo Meireles, Fausto Chermont, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, German Lorca, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Leonilson, Julia Amaral, Laura Vinci, Leda Catunda, Lia Menna Barreto, Luiz Braga, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marcius Galan, Marcos Piffer, Marcelo Cidade, Marcelo Nitsche, Marcelo Moscheta, Marcelo Zocchio, Maureen Bisilliat, Motta & Lima, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Pedro Motta, Pedro David, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Rodrigo Matheus, Sandra Cinto, Sara Ramo, Shirley Paes Leme, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Thomas Farkas e Vulcânica Pokaropa.
A expografia criada pelo arquiteto Tiago Guimarães convida o visitante a participar e traz para o espaço da mostra um mobiliário adaptado para diversas experiências artísticas e educativas. Trata-se do “Fazer Junto”, um espaço que será construído no centro da mostra e ativado com diversas atividades, todas quartas-feiras às 16h. A proposta consiste em um ateliê onde acontecem dinâmicas, falas de artistas, oficinas e outras proposições que o MAM Educativo intitula “experiências poéticas”.
Além da programação no espaço Fazer Junto, outras atividades na agenda educativa do Museu ao estão vinculadas à mostra. O público pode acompanhar a programação completa no site do Museu. Em algumas delas, o MAM Educativo contará com uma parceria com a Secretária Municipal de Educação, que trará professores para participarem das atividades, produzindo material audiovisual sobre suas experiências para ser difundido na rede pública posteriormente.
Núcleos e elementos
A exposição é estruturada em seis núcleos que são articulados de modo fluído, ou seja, sem formar eixos rígidos, já que várias peças poderiam fazer parte de mais de uma seleção. Para guiar o visitante, o MAM Educativo criou listas de palavras mediadoras para o acesso a cada espaço, anunciadas no catálogo como pistas em mapas para conhecer as obras. Cada núcleo contará com televisões que mostrarão registros de experiências poéticas, proposições realizadas pelo educativo do Museu. No catálogo e na exposição, também ficam disponíveis QR codes para acessar esses registros, disponíveis em texto e gravadas em vídeo.
No primeiro núcleo, “Narrativas: fluxos, conexões, transformação”, as pinturas de Leda Catunda dialogam com obras de paisagens em outros formatos, como em Delta Del Tigre – Naufrágio, de Tatiana Blass. O espaço também traz trabalhos arrojados, como Bolha Vermelha de Marcelo Nitsche, um experimento que parte de um eletroduto de polietileno movido por um motor exaustor industrial. A fotografia está presente em Elementar: fazer junto com obras como a série Caranguejeira, de Maureen Bisilliat, e os retratos do Parque Ibirapuera feitos por German Lorca, presentes nos núcleos dois e três, “Redes de comunicação: comunhão, resistência” e “Território: ambiente, contextos”, respectivamente.
A ação humana pode ser vista com ênfase nos trabalhos demarcados no núcleo quatro, “Rastros, Registros e Tempo”, das nuvens de fumaça da gravadora mineira Shirley Paes Leme ao flagrante urbano de um bueiro feito por Thomaz Farkas na década de 1940. A relação com o meio-ambiente está presente em muitos dos trabalhos, como em Folhas Avulsas #3, de Laura Vinci, feito em folha de ouro e latão, e o relevo de uma folha em papel na obra Sem título (1981), de Frans Krajcberg, que se encontram no quinto núcleo, ‘Transmutação: trocas e mudança’”.
O sexto núcleo, “Jogos: regras, modos intencionais de tomar parte”, reúne trabalhos de artistas que convidam o público a se aproximar das peças. O visitante encontra obras interativas como ‘Totó Treme Terra’, do Chelpa Ferro, coletivo multimídia fundado em 1995, no Rio de Janeiro, que investiga os caminhos da arte sonora contemporânea. Neste núcleo, também estará a obra Expediente: primeira proposta para o XXXI Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco, de Paulo Bruscky, que será ativada por colaboradores do MAM ao longo da exposição, que usarão a proposição do artista como local de trabalho. Neste núcleo, está inclusa a experiência poética MAM no Minecraft, na qual dois computadores serão dispostos na sala para que o público acesse e divirta-se com o jogo lançado em 2021, que projeta todo o universo da instituição no ambiente virtual.
Ao longo de seus 75 anos, o MAM São Paulo tem investido na formação de educadores, na cooperação com o setor pedagógico e no desenvolvimento e implementação de medidas de acessibilidade, sendo reconhecido nacionalmente por seus esforços neste núcleo.