Em exposição, as influências e a evolução da moda no Japão
O impacto e as influências da moda japonesa no cenário global ganham destaque na exposição inédita “Efeito Japão: moda em 15 atos”, que estreia amanhã, 7, no segundo andar da Japan House São Paulo. A partir de 15 trajes de importantes estilistas nipônicos, a mostra busca desvendar o poder do design japonês que assimila as tendências do mundo e as transforma em novas tendências por meio de uma sensibilidade particular. Com entrada gratuita, a exposição foi coordenada pelo diretor de moda Souta Yamaguchi, responsável pelo design das roupas utilizadas pelo staff na cerimônia de entrega de medalhas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tokyo 2020.
Dentre as peças selecionadas, estão produções de Hanae Mori (1926 – 2022); Masao Mizuno (1928 – 2014); Kansai Yamamoto (1944 – 2020); Kenzo Takada (1939 – 2020); Yohji Yamamoto (1943); Isao Kaneko (1939); Yoshiki Hishinuma (1958); Issey Miyake (1938 – 2022); Junya Watanabe (1961); Jun Takahashi (1969); Kunihiko Morinaga (1980); Junichi Abe (1965) e Chitose Abe (1965).
Por meio das peças e de uma linha do tempo, a mostra destaca marcos históricos e contextos sociais da moda no Japão e no mundo, desde o período pós-Segunda Guerra Mundial, quando a cultura da vestimenta no Japão passou por uma grande transição entre os quimonos e as roupas ocidentais; passando pela consagração de estilistas japoneses no cenário internacional e a influência do street style japonês. Aborda também os novos nomes da moda japonesa, que ascenderam ao liderar as tendências contemporâneas como o uso da tecnologia de ponta que leva em consideração a sustentabilidade, além de designers promissores atuantes no cenário global que expressam as suas complexas singularidades.
A moda no Japão desde os anos 50
Na década de 1950, o Japão do pós-guerra estava remodelando o quimono e as roupas ocidentais em termos de função, higiene e economia. A peça mais antiga da mostra é confeccionada com a combinação de tecidos de quimono feitos em técnica de tecelagem tradicional de Okinawa, Ryūkyū kasuri, em que o algodão é tingido com corantes naturais. A peça foi produzida quando os desfiles de moda começaram a se espalhar no Japão, refletindo o contexto histórico da transição da moda japonesa dos quimonos para as roupas ocidentais.
Com a aproximação da década de 1960, o surgimento de tecidos sintéticos elásticos levou gradualmente à integração das roupas ocidentais, iniciando o desafio do design de estilo japonês. Entre as peças em exposição, está o vestido com estampa de bambu confeccionado em uma única peça de tecido crepe poliester sem cortes na região dos ombros de Hanae Mori, primeira designer asiática aceita na Chambre Syndicale de la Couture Parisienne.
Na década de 1970, houve um ressurgimento do orientalismo em um contexto caracterizado pela liberdade e estilos que misturavam influências japonesas com ocidentais se tornaram populares. Tais referências podem ser observadas na peça de Kenzo Takada, costurada em linhas retas como um quimono e descrita como “anti alta-costura”. Outro exemplo é a criação de Kansai Yamamoto, que utilizou ousadamente um motivo utilizado na pintura de pipas japonesas na confecção de um macacão com base no traje do Kabuki.
Já na década de 1980, surgiram dois momentos importantes. O primeiro foi da moda extravagante, que refletia o alto crescimento econômico e a bolha econômica do Japão, representado na exposição por uma peça volumosa, elaborada com detalhes em pregas delicadas, rendas, babados e apliques, que são a base da cultura kawaii do Japão. Por outro lado, no mesmo período nasceu a “Shock Wave”, que movimento que rejeitou a elegância ocidental, ilustrado por uma peça com drapeados ousados com várias camadas sobrepostas de lã crua.
A partir da década de 1990, o Street style japonês atraiu a atenção internacional, com estilos que remixam diversas culturas e designs usando técnicas avançadas de processamento. Yoshiki Hishinuma, que trabalhou no MIYAKE DESIGN STUDIO, utilizou a termo plasticidade do poliéster para criar obras aplicando a tradicional técnica japonesa shibori (tingimento que envolve prender partes do tecido que não serão tingidas e mergulhá-lo em pigmento, criando estampas orgânicas e exclusivas).
Dos anos 2000 em diante surgiram os designs minimalistas que levam em consideração a sustentabilidade e a expressão da complexidade de personalidades. Desta forma, surgem peças confeccionadas com a combinação de vários materiais de diferentes texturas com formas assimétricas e costuras sem padrão. A intenção é romper a própria beleza e transformar o processo de confecção de roupas permitindo que o usuário crie o design. A exposição traz a peça de patchwork de vanguarda da ANREALAGE – que já expôs na JHSP – um trabalho manual que vai além do digital e analógico e oferece uma visão panorâmica da transição cada vez mais diversificada da moda japonesa contemporânea.
Serviço:
Exposição “Efeito Japão: moda em 15 atos”
Coordenação: Souta Yamaguchi
Período: 7 de maio a 1º de setembro de 2024
Local: Japan House São Paulo, 2º andar – Avenida Paulista, 52, São Paulo/SP
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h.
Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais) no site.
* Existem restrições para foto e vídeo de dois looks da exposição.
Programação paralela:
Visita Guiada “Efeito Japão: moda em 15 atos”, com Souta Yamaguchi
Quando: 07 de maio (terça-feira) na Japan House São Paulo
Horário: 11h30; 15h
Duração: 60 min
Atividade livre
Vagas limitadas. Participação mediante retirada de senhas na recepção com 30 minutos de antecedência. Visita contará com LIBRAS como recurso de acessibilidade.
Palestra “Perspectiva da Moda Japonesa”, com Souta Yamaguchi
Quando: 07 de maio (terça-feira) na Japan House São Paulo
Horário: 19h
Duração: 90 min
Atividade livre
Vagas limitadas. Participação mediante retirada de senhas na recepção com 90 minutos de antecedência. Palestra contará com LIBRAS como recurso de acessibilidade.