21 de novembro de 2024

Canto pela Paz, de Victor Kinjo, alerta sobre os caminhos trilhados pela humanidade contra si

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Victor Kinjo lança o clipe do single “Canto pela Paz”, um manifesto pela vida. Foto crédito: André Okuma.

O videoclipe de “Canto pela Paz (Let’s Get Along)”, do cantor, pesquisador e e ativista Victor Kinjo, foi lançado neste sábado (28/09) no YouTube Em meio à crise climática e aumento de conflitos pelo mundo, a produção defende uma cultura da paz com educação, diversidade e acessibilidade através da música; A produção tem participação de jovens da comunidade surda e crianças de Okinawa.

A produção traz artistas, crianças e a comunidade surda interpretando em Libras mensagens do desenvolvimento sustentável com foco no décimo primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Paz, Justiça e Instituições Eficazes. Enquanto sofremos com os efeitos das mudanças climáticas, mais de 2,44 trilhões de dólares foram investidos em armas e exércitos no mundo em 2023, valor recorde já registrado pelo Stockholm International Peace Research Institute e suficiente para erradicar a fome e a pobreza no planeta. Mas, após 9 anos do estabelecimento da Agenda 2030, os ODS ainda são praticamente desconhecidos da população. “A indústria e a cultura da guerra são banalizadas na nossa sociedade. A violência na política, a crise da ONU e a invisibilidade dos ODS fazem parte disso”, afirma o artista, que também é sociólogo e pós-doutor pela USP. “A desesperança e ansiedade climática desses tempos estão gerando uma epidemia de depressão no Brasil e no mundo. ‘Canto pela Paz’ foi o modo que encontrei para expressar minha própria angústia, mas também esperança e alegria de viver”.

Em termos musicais, a canção é uma poderosa fusão de Baião, Swing e World Music, com a participação da artista Niwa, de origem japonesa e indígena.

A narrativa traz dois soldados de exércitos distintos, que cessam a guerra para se amar, dançar e celebrar a vida juntos. “O amor entre os homens é um antídoto contra o patriarcado da cultura bélica e a violência como ideologia”, aponta Kinjo, que vive com seu companheiro, o artista Eduardo Colombo, no Sítio Samauma Cultural. Co-fundado em 2015 na zona rural de Mogi das Cruzes, o espaço é base do casal, que realiza projetos artísticos, comunitários e de reflorestamento da Mata Atlântica, em parceria com apoiadores e patrocinadores locais e internacionais.

O videoclipe é um dos resultados do projeto “KINJO: Aprimoramento Artístico e Cultural em Música e Acessibilidade”, viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, com apoio do Ministério da Cultura e Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas de São Paulo.

Diversidade e Acessibilidade

“Nossa vida como LGBTQIAP+ só melhorou quando aumentou o reconhecimento por outros grupos, mídia e movimentos, com a empatia e acolhimento das pessoas. E se Libras e acessibilidade fossem ensinadas nas escolas? Precisamos melhorar a qualidade de vida da população PCD que, além das dificuldades da condição física, tem que lidar com preconceitos, abuso e exclusão”, destaca o artista.

Mais de 10 milhões de pessoas vivem com deficiência auditiva no Brasil. A dificuldade de acesso dessas pessoas e suas famílias a direitos e serviços básicos é reflexo do capacitismo que ainda persiste socialmente.

Para Leidy Alves, influencer e intérprete de Libras reconhecida pela atuação nos shows de artistas como Anitta, Jota Quest, Zé Felipe, entre outros, “foi um prazer imenso participar desse videoclipe que traz a acessibilidade em Libras de uma forma diferente, onde o artista canta em Libras. Isso traz um diferencial muito grande, porque a gente vê as Libras sempre no cantinho do palco, e agora vocês vão ver a acessibilidade geral, em tudo. Estou muito feliz de ver a comunidade surda participando desse momento, que está sendo muito especial”.

O uso da linguagem neutra também é destaque na canção com trechos como “Somos todes irmães. Parem a guerra!”, evocando a ancestralidade comum de todos povos e enfatizando a necessidade das convenções sociais, como a língua, se adaptarem a experiências de pessoas historicamente invisibilizadas. 

O clipe tem direção dos cineastas André Okuma e Reiko Otake, ambos nipo-descendentes. “Nós, asiático-brasileiros, somos frequentemente retratados de modo estereotipado, quando não somos totalmente invisibilizados nas telas e palcos do Brasil. Basta pensar em quantos cantores amarelos o público brasileiro pode ver nos grandes festivais, cinema e televisão”, desabafa o cantor.

Música e Sustentabilidade

O artista, que já rodou o mundo apresentando seus discos KINJO (2017) e Terráqueos (2022), foi também pesquisador visitante na Universidade de Nova York Tisch School of the Arts, e adianta que tem mais canções pela regeneração e saúde planetária no novo projeto “Amor e Água”, aprovado na Lei Rouanet. “Estamos captando recursos e contamos com o apoio de pessoas, empresas e instituições para fortalecer uma cultura do desenvolvimento sustentável, por meio das artes, educação e ações socioambientais”, conta Kinjo. O projeto é um modo de engajar pessoas nessas causas, popularizando os ODS através da música e entretenimento, e difundindo mensagens emocionantes com diversidade, afeto e união.

“Canto pela Paz” celebra o mês da prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo) e da visibilidade surda (Setembro Azul), além do Dia Internacional da Paz (21), Dia Global dos ODS (25) e Dia Mundial dos Rios (27), com seu refrão “Let’s get Along, Amor e Água”. 

Ficha técnica:

Direção e Fotografia: André Okuma e Reiko Otake
Edição: André Okuma
Elenco:  Ana Caroline Bezerra da Silva, Ana Júlia Alves, Caick Vizentin Valério, Dan Akamine, Eduardo Colombo, Hana Akamine, Leidy Alves, Mário Akamine, Niwa, Shinako Oyakawa e Victor Kinjo
Composição e voz: Victor Kinjo
Produção Musical: João Antunes, Ivan Banho e Victor Kinjo
Participação especial: Niwa
Vozes: Victor Kinjo, Niwa e Edu Colombo
Sax alto, Sax tenor e arranjo de saxofones: Fernando Sagawa
Violão: Guilherme Kafé
Guitarra: Moita Mattos
Baixo: João Antunes
Percussões: Ariel Coelho
Bateria: Ivan Banho
Mixagem e masterização: João Antunes e Ricardo Prado
Consultoria de produção executiva e A&R Selo Lyra Noise: Cris Rangel
Mentoria em Mídias Digitais: Gláucio Abreu Filho (Aumenta o Som)
Assistência de Produção: Maria Clara Alves do Espirito Santos 
A&R YB Music: Benoni Hubmaier 
Realização: Agua Viva Cultura e Sustentabilidade

VICTOR KINJO (Victor Uehara Kanashiro)

Cantor, compositor, pesquisador e produtor nascido em São Paulo, em 1984. Em 2017, lançou seu primeiro disco, KINJO (YB Music), com produção de Ivan Gomes e Ivan Banho, mesclando a música regional brasileira com o pop e rock, sendo indicado como Melhor Cantor ao 29° Prêmio da Música Brasileira na categoria regional. Em 2019, traduziu e lançou o single “Flores para o Coração da Gente” (YB Music/Matraca Records) sua versão brasileira, com alfaia e viola caipira, de “Subete no Hito no Kokoro no Hana wo”, do artista e pacifista okinawano Shoukichi Kina, com apoio da Fundação Japão de São Paulo. No ano seguinte, em parceria com Guilherme Kafé e Ana Flor Carvalho, lançou o single “Carne e Coragem”, pela YB Music, e seu primeiro livro “Quem são Mishimas?”, pela editora Autêntica.

Em 2021, como artista-pesquisador, viajou os 1136km do rio Tietê, mapeando parques, projetos e espaços culturais em municípios cruzados pelo Tietê. E gravou o videoclipe “Vem pro rio”, com direção de André Souza e produção da Cinedelia. Além disso, organizou o I Festival Navega SP, em uma embarcação atracada no Cebolão, entre os rios Tietê e Pinheiros, reunindo artistas, ativistas e pesquisadores, como parte de seu pós-doutorado no Instituto de Estudos Avançados da USP.

Em 2022, o artista lançou seu segundo disco TERRÁQUEOS (YB Music) revelando influências da música okinawana e experimentos eletrônicos, com canções em coprodução com João Antunes, Ivan Banho, Márcio Arantes e Kastrup, ganhadores do Grammy Latino. Com esse trabalho, apresentou-se em diversas cidades do Brasil, além de Tóquio, Okinawa, Taipei, São Francisco e Nova York, e foi indicado ao POC AWARDS 2022 como destaque LGBTQIAP+ na Música Brasileira. Nos últimos anos, tem se dedicado também a projetos no território onde vive, entre os distritos de Biritiba-Ussu e Taiaçupeba, na zona rural de Mogi das Cruzes, como os projetos Rádio Escola Mata Atlântica, Chang Dai chien no Brasil, e Território Cultural Taiá das Artes.

Kinjo é co-fundador da produtora cultural Água Viva e do Sítio Samauma, onde vive com seu companheiro Eduardo Colombo, desde 2015, espaço que está reflorestando com espécies nativas da Mata Atlântica, parcerias locais e internacionais. O artista é Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e pós-doutor do Instituto de Estudos Avançados da USP. Foi também pesquisador visitante da Universidade de Nova York Tisch School of the Arts e da Universidade Internacional de Okinawa, com projetos sobre música, brasilidade-asiática, regeneração de rios e cidades globais. É autor de diversos artigos e capítulos de livros sobre artes, diversidade e sustentabilidade. Foi artista residente da Japan Foundation Research Fellowship e do do Taipei Performing Arts Festival 2023. Atualmente, coordena o Grupo de Arte e Saúde Planetária do Instituto de Estudos Avançados da USP. “Canto pela Paz” abre o ciclo de seu novo projeto “Amor e Água”.

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