OSESP traz marco inicial do Modernismo e concerto de Brahms com Andreas Haefliger
Nos concertos da Osesp na Sala São Paulo nesta semana, entre 01 e 03/dez, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo estará sob a batuta do maestro norte-americano radicado no Brasil Ira Levin, e receberá também o talentoso pianista suíço Andreas Haefliger. O repertório traz obras de três grandes autores, começando com aquele que é considerado o marco inicial do Modernismo: o Prélude à l’Après-midi d’un Faune (Prelúdio à Sesta de um Fauno), do francês Claude Debussy, escrito em 1894. Logo em seguida, a Osesp interpreta a Bachianas Brasileiras nº 2, de autoria do nosso grande compositor modernista, Heitor Villa-Lobos. E, para completar, teremos o belíssimo Concerto nº 1 para Piano, do alemão Johannes Brahms, com Haefliger como solista. A performance de sexta-feira (02/dez), às 20h30, contará com transmissão ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.
Já na segunda-feira (05/dez), às 19h30, nossa Orquestra apresenta um concerto com repertório semelhante, mas ligeiramente reduzido, no Teatro B32, na Av. Faria Lima, dentro da série de apresentações da Osesp nesse novo espaço da cidade (programa completo e serviço abaixo).
No ano em que a Osesp dedica sua Temporada ao Modernismo, o programa desta semana começa com a peça que é considerada o marco inicial desse período: o Prelúdio à Sesta de um Fauno, escrito por Claude Debussy em 1894. No ensaio A Revolução Suave de Claude Debussy, Paulo da Costa e Silva explica como o Prelúdio inaugura uma “nova maneira de pensar o tempo musical”. Nesse novo período inaugurado por Debussy, temas melódicos — como o enigmático solo de flauta do início da peça — “não precisam mais ser desenvolvidos”, pois “podem ser repetidos circularmente em ambientes harmônicos e orquestrais que se modificam a cada giro”.
No campo da música, os processos de colonização, imigração e miscigenação característicos de cada nação contemporânea resultaram na criação de obras de artes permeadas por alguma das múltiplas acepções da palavra criollo. O conjunto das Bachianas Brasileiras, de Villa-Lobos, é um claro exemplo, pois ao mesmo tempo que rende homenagem a um dos grandes expoentes da cultura musical germânica, propõe retratar um Brasil amplo e heterogêneo. Inspiradas no legado de Bach, as Bachianas nº 2 utilizam uma orquestra bem mais complexa que aquela conhecida no período Barroco. Em um processo similar ao das sociedades ao longo da história, a maquinaria musical da orquestra somou vozes para construir sua identidade e potencializar sua força expressiva. Escrita em quatro movimentos, a peça propõe um crescendo instrumental e dramático no qual diferentes instrumentos encarnam os vários fios da trama.
Já o Concerto nº 1 para Piano, de Brahms, possui uma história peculiar: ele foi concebido originalmente como uma sonata para dois pianos. Uma das primeiras menções a essa versão preliminar da obra data de 24 de maio de 1854, quando Clara Schumann registra em seu diário: “Ensaiei com Brahms três movimentos de uma sonata que ele escreveu para dois pianos”. Alguns dias mais tarde, ela volta a executar essa sonata e anota: “Voltei a tocá-la com maior interesse e alegria. É uma obra excelente!”. Pouco se sabe a respeito dessa peça, cujo manuscrito está desaparecido. No entanto, pelo exame da correspondência de Brahms, pode-se depreender que o compositor não estava plenamente satisfeito com ela no início. O Concerto teve boa recepção por ocasião de sua estreia na cidade de Hanover, em 22 de janeiro de 1859, com o próprio compositor ao piano, sob regência de Joseph Joachim. No entanto, cinco dias mais tarde, uma apresentação da obra na Gewandhaus de Leipzig foi um fracasso completo. Talvez isso se deva ao fato de se tratar de uma obra de proporções monumentais para a época, com tratamento motívico requintado e orquestração densa. Ao mesmo tempo, a concepção sinfônica da peça pode ter sido um dos fatores que também contribuíram para a recepção fria da plateia e dos críticos de Leipzig.
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp
Criada em 1954, é uma das mais importantes orquestras da América Latina; desde 1999, tem a Sala São Paulo como sede. O suíço Thierry Fischer é seu Diretor Musical e Regente Titular desde 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, pela norte-americana Marin Alsop, que agora é Regente de Honra. Em 2016, a Osesp esteve nos principais festivais da Europa e, em 2019, realizou turnê pela China. No mesmo ano, estreou projeto em parceria com o Carnegie Hall, com a Nona Sinfonia de Beethoven cantada ineditamente em português. Em 2018, a gravação das Sinfonias de Villa-Lobos, regidas por Isaac Karabtchevsky, recebeu o Prêmio da Música Brasileira. Em 2022, realizou quatro concertos nos Estados Unidos, sendo os dois últimos no lendário Carnegie Hall, em Nova York.
Ira Levin
Maestro norte-americano radicado no Brasil, Levin foi Diretor Artístico e Musical dos teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo e do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília, além de Regente Convidado Principal do Teatro Colón, em Buenos Aires. Já esteve no pódio de orquestras como a Gewandhaus de Leipzig e a Staatskapelle de Dresden e gravou com a Sinfônica de Londres e com a Orquestra Nacional da Escócia. Foi Maestro Titular da Ópera de Bremen e da Deutsche Oper am Rhein (Düsseldorf-Duisburg), além de Maestro Convidado Principal da Kassel Opera, também na Alemanha.
Andreas Haefliger
Aclamado por sua sensibilidade e pianismo transcendental, Haefliger cresceu rodeado por música vocal, o que fez com que adquirisse um lirismo genuíno em sua forma de abordar o piano. Apresentou-se com algumas das maiores orquestras do mundo, como as Filarmônicas de Nova York e de Munique, as Sinfônicas de Chicago, de Londres e da BBC, a Orquestra de Cleveland, a Concertgebouworkest de Amsterdam e as Orquestras das Rádios Bávara e de Viena, além de percorrer os grandes festivais, como o de Lucerna, o de Edinburgh e o BBC Proms. Atualmente é artista exclusivo da gravadora BIS, pela qual lançou, em 2019, um disco registrando a estreia mundial da Gran Toccata de Dieter Ammann junto aos Concertos de Bartók e Ravel — acompanhado pela Filarmônica de Helsinque, sob regência de Susanna Malkki. Antes de se juntar à BIS, gravou diversos álbuns de música de câmara pelos selos Decca, Avie, Sony Classical.
Os concertos sinfônicos da Temporada Osesp 2022 na Sala São Paulo têm o patrocínio da Meta, do Itaú, da Klabin, da igc, da Usiminas, da Almaviva, da Deloitte, da Crown Embalagens, da Kapitalo, do Mattos Filho, da Salesforce, do Credit Suisse, da NTT Data e do UBS Investment Bank por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
PROGRAMAS
TEMPORADA OSESP: IRA LEVIN E ANDREAS HAEFLIGER
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
IRA LEVIN regente
ANDREAS HAEFLIGER piano
Claude DEBUSSY | Prélude à l’Après-midi d’un Faune (Prelúdio à Sesta de um Fauno)
Heitor VILLA-LOBOS | Bachianas Brasileiras nº 2
Johannes BRAHMS | Concerto nº 1 para Piano em Ré Menor, Op. 15
TEMPORADA OSESP NO TEATRO B32
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
IRA LEVIN regente e piano
Claude DEBUSSY | Prélude à l’Après-midi d’un Faune (Prelúdio à Sesta de um Fauno)
Heitor VILLA-LOBOS | Bachianas Brasileiras nº 2
Estes programas mudaram. Thierry Fischer, Diretor Musical da Osesp, não poderá vir ao Brasil reger os concertos de dezembro. Assim, Ira Levin assume o pódio.
SERVIÇO
[Temporada Osesp: Ira Levin e Andreas Haefliger]
01 de dezembro, quinta, às 20h30
02 de dezembro, sexta, às 20h30 – Concerto Digital
03 de dezembro, sábado, às 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 07 anos
Ingressos: Entre R$ 50,00 e R$ 230,00 – preços inteiros
Bilheteria (INTI): Neste link
(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h.
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.
Estacionamento: R$ 28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$ 16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para portadores de necessidades especiais; 33 para idosos.
[Temporada Osesp no Teatro B32]
05 de dezembro, segunda, às 19h30
Endereço: Teatro B32 | Av. Brigadeiro Faria Lima, 3.732, Itaim Bibi
Taxa de ocupação limite: 478 lugares
Classificação: Livre
Ingressos: Entre R$ 80,00 e R$ 150,00, na bilheteria e nos sites do teatro e da Osesp.
Estacionamento:
– Vallet: Acesso pela R. Lício Nogueira, 90 – Itaim Bibi. Preço: R$ 40,00
– Self Park: Acesso pela R. Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 1051 – Itaim Bibi. Preço: R$ 30,00 pelas 3 primeiras horas e R$ 10,00 pelas demais.
Imagem em destaque: Osesp e Marin Alsop no Teatro B32. Foto de Reinaldo Canato.