Morreu o Rei Pelé, o maior jogador de futebol do Brasil, lenda do esporte no mundo
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, faleceu às 15h27 desta quinta-feira, 29 de dezembro, aos 82 anos de idade, vítima de um câncer de cólon descoberto durante a realização de um exame de rotina. Em abril deste ano, o ex-jogador foi internado para seguir com o tratamento, tendo recebido alta hospitalar. Ele voltou a ser internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 29 de novembro, para uma reavaliação do tratamento por quimioterapia
No último boletim divulgado, em 21 de dezembro, os médicos afirmaram que o câncer de cólon havia progredido e que o rim e o coração de Pelé exigiam cuidados. Segundo informações o velório de Pelé será realizado na Vila Belmiro, estádio onde jogou durante quase 20 anos e será enterrado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, município do litoral paulista, onde o Rei do futebol tinha um espaço reservado desde 2003.
O governo paulista decretou 7 dias de luto oficial em todo o estado. O monumento do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ficará iluminado nas cores do Brasil durante toda a noite desta quinta-feira, a partir das 18h, em homenagem ao atleta que encantou o mundo inteiro em vida e sempre será uma grande inspiração a todos os brasileiros
Nascido em 23 de outubro de 1940 na mineira Três Corações, filho e sobrinho de jogador de futebol, Pelé foi ganhando intimidade com a bola já dentro de casa. Mas não demorou muito para que as ruas e esquinas da cidade começassem a testemunhar o talento do menino prodígio, conhecido até então como o filho do ‘seu’ Dondinho e da dona Celeste. A forma de tratar a bola e ser tratado por ela logo chamou a atenção dos vizinhos, parentes e dos olheiros do esporte. Aos 13 anos, Pelé já estava nos quadros juvenis do Clube Atlético de Bauru.
“O surgimento de Pelé muda os paradigmas dos conceitos do futebol. Pelé desafiava as leis da física no futebol. Com uma compleição física praticamente perfeita, uma inteligência poucas vezes vista num jogador de futebol, e muita habilidade, ele revoluciona”, comenta Thiago Uberreich, jornalista e autor dos livros Biografia das Copas e 1970 o Brasil é tri.
Seu primeiro treinador profissional foi Valdemar de Brito, que o levou ao Santos Futebol Clube. A partir dali a bola foi rolando em passes mágicos no pé do atleta até a consagração em estádios internacionais.
O grande salto de Pelé para o mundo, ocorre aqui em 1958, os gols do adolescente de 17 anos levaram o Brasil a sua primeira vitória em Copas do Mundo. Foi na Suécia, o país anfitrião. Quatro anos depois, o Brasil conseguia o bicampeonato na Copa do Chile, onde Pelé se lesionou e ficou fora da partida final.
E novamente, em 1970, um Pelé com 30 anos, levaria o Brasil à terceira vitória em Copa do Mundo do México. Numa seleção que era considerada um time de ouro com Jairzinho, Tostão, Carlos Alberto, Rivelli no e tantos outros. Ali, Pelé já tinha marcado mil gols, um feito incrível para um jogador de futebol.
Pelé marcou outro gol de placa ao levar o futebol para os Estados Unidos quando foi contratado pelo Cosmos de Nova Iorque, em 1975, e depois de sair do Santos, onde ficou de 1956 a 1974.
Para Uberreich, o talento incomparável do atleta fez com que ele se tornasse o “maior embaixador que o Brasil já teve”.
O jogador recebeu inúmeros reconhecimentos por onde passou: desde os torcedores mais humildes em estádios remotos até chefes de Estado e governo como a Rainha Elizabeth II, vários papas e mais recentemente de astros do futebol como Lionel Messi e Kylian Mbappé.
O Edson
Na vida pessoal, o Edson era apaixonado pela família. Com a primeira mulher, Rosemeri Cholbi, ele teve três filhos (Kely Christina, Jennifer e Edson). O divórcio ocorreu em 1978. Pelé só foi se casar de novo em 1994 com a cantora evangélica Assíria Nascimento, com quem teve dois filhos: os gêmeos Celeste e Joshua. Após 13 anos de vida em comum, eles se divorciaram. Pelé se casou pela terceira vez, em 2016, com Marcia Aoki. Fora desses casamentos, ele teve duas filhas: Sandra Regina (já falecida) e Flávia Christina.
A família conta que, em casa, Pelé sempre foi “pé no chão”, emotivo e chorava mais que os filhos quando tinha que disciplinar qualquer um deles.
Gostava de compor e cantar. Participou de uma faixa do álbum de Assíria e se arriscou em voos solos.
Recebido por 3 papas
O papa Francisco não teve a ocasião de se encontrar com Pelé, mas ganhou do Rei, em 21 de fevereiro de 2014, uma camiseta da seleção brasileira autografada com os dizeres: “Para o Papa Francisco, com respeito e admiração. Edson Pelé”.
Na Alemanha, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em 20 de agosto de 2005, Bento XVI (que faleceu dois dias depois que o Rei) recebeu Pelé por ter sido escolhido pela prefeitura como “embaixador” do evento. “Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa. Ele pegou nas minhas mãos e falou assim: ‘O esporte é muito importante para o ser humano. Foi uma benção maravilhosa.”
Em seus 82 anos de vida, o Rei ainda foi recebido por dois santos: São João Paulo II e São Paulo VI.
Francisco não teve a ocasião, mas ganhou do Rei, em 21 de fevereiro de 2014, uma camiseta da seleção brasileira autografada com os dizeres: “Para o Papa Francisco, com respeito e admiração. Edson Pelé”.
Na Alemanha, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em 20 de agosto de 2005 Bento XVI recebeu Pelé por ter sido escolhido pela prefeitura como “embaixador” do evento. “Parece que a gente está falando mais perto de Cristo quando é abençoado pelo Papa. Ele pegou nas minhas mãos e falou assim: ‘O esporte é muito importante para o ser humano. Foi uma benção maravilhosa.”
Declaração de Pelé publicada no jornal L’Osservatore Romano, edição de 9 de julho de 2009.
Pelé e a ONU
Pelé também foi um grande defensor de causas sociais, desde o acesso à água potável para todos passando pelo meio ambiente e o direito das crianças em algumas parcerias com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e com governos nacionais.
No início dos anos 1990, Pelé foi convidado para ser embaixador da Boa Vontade da ONU para a Conferência Rio 92 sobre meio ambiente, no Rio de Janeiro. Na ocasião, os jornalistas perguntaram o que ele faria para ajudar a Amazônia. Pelé disse que essa era uma boa pergunta porque 95% dos brasileiros pensavam que a Rio 92 resolveria os problemas do Brasil na área do meio ambiente, mas que, na realidade, o evento não era sobre a Amazônia, mas sim sobre todas as pessoas no mundo.
Lamento planetário
O mundo todo lamentou o falecimento do Rei Pelé por meio de mensagens nas redes sociais. A imprensa internacional destacou os feitos do “Atleta do Século” nos campos de futebol por onde passou. A NASA resolveu homenagear o ídolo exibindo nas redes sociais a imagem de uma galáxia com as cores do Brasil. A imagem veio acompanhada com os seguintes dizeres: “Assinalamos o falecimento do lendário Pelé, conhecido por muitos como o rei do “jogo bonito”. Esta imagem de uma galáxia espiral na constelação do Escultor mostra as cores do Brasil”.